Dezenas de demissões e audiência baixa colocam sob pressão a dramaturgia do SBT 2k1b61
Emissora paga preço alto por oferecer conteúdo de qualidade ao público infantil enquanto maioria dos outros canais ignora crianças nq34
Na semana ada, o SBT dispensou dezenas de profissionais do departamento de teledramaturgia. Efeito do resultado ruim de sua única novela própria, ‘A Caverna Encantada’. 6g44z
A média após 220 capítulos é de 3.8 pontos na Grande São Paulo, índice menor do que todas as produções desde 2012, quando a emissora retomou o investimento em roteiros para o telespectador infantojuvenil.
Frequentemente, ‘A Caverna’ fica atrás das reprises de ‘Chaves’ e ‘Chapolin’ na aferição do horário nobre feita pela Kantar Ibope. Desempenho incompatível com o investimento milionário para gravá-la.
A novela não tem nenhum problema no script, nas atuações e na direção. O provável é que a baixa audiência seja reflexo da mudança de comportamento das crianças.
Parte numerosa delas abandonou o hábito de assistir à TV, menos ainda canais de sinal aberto. Estão entretidas no celular, no tablet, nos canais pagos, nas plataformas de streaming, nos apps de vídeos, nas redes sociais.
Vivemos outros tempos, com crianças menos lúdicas e mais tecnológicas. Isso explica, também, a pontuação ruim do recém-reformulado ‘Bom Dia & Cia’, agora com os palhaços Patati e Patatá.
Ancorado no velho formato de brincadeiras e testes, o programa talvez agrade mais aos adultos saudosistas da infância ingênua do que aos pequenos de hoje, que dominam o controle remoto e os games.
A atração chegou a marcar apenas 1.5 ponto de média em um episódio e nunca chegou a 3 pontos, deixando o SBT sem competitividade e dificultando a vida do programa seguinte, o telejornal ‘Primeiro Impacto’.
Com ‘A Caverna Encantada’ e o ‘Bom Dia & Cia’, o SBT preenche parte do vazio aberto por Globo e Record ao abandonar a programação infantil — e merece elogios por trabalhar para a formação dessa nova geração de telespectadores.
Mas a audiência em queda dessas atrações, e o possível incômodo dos anunciantes do horário, pode cobrar preço alto do canal. Será compreensível se a presidente da emissora, Daniela Beyruti, implementar mudanças, como voltar a produzir novelas dramáticas para adultos, e acabar com o infantil.
Lamentável que a qualidade dos produtos de TV não seja suficiente para mantê-los no ar. É a realidade da televisão aberta: depender dos imprevisíveis e, às vezes, injustos números do Ibope para garantir a sobrevivência do negócio.
